Quatro anos do assassinato de Marielle e mandante ainda é desconhecido

Hoje a exatamente quatro anos, 14 de março de 2018, a vereadora, Marielle Francisco da Silva (Marielle Franco) era assassinada na cidade do Rio de Janeiro em atentado que também matou seu motorista, Anderson Pedro Gomes. As suspeitas de crime político nunca foram descartadas pela polícia que prendeu depois de muito silêncio dois assassinos e o nome do mandante ainda é investigado.

Quatro anos do assassinato de Marielle e mandante ainda é desconhecido
Marielle e Anderson foram assassinados e nome do mandante ainda é desconhecido

Quem foi Marielle

Marielle nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1979, menina mulher de pele preta e LGBTQIA+, cresceu nas favelas do Complexo da Maré, era formada em sociologia, casada com Mônica Benício e mãe da Luyara e sua carreira política sempre foi marcada pela defesa dos direitos humanos e minorias. Sempre a frente das lutas, criticou a criminosa intervenção federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e denunciava sempre a ação das milícias que envolvias denúncias barbaras de abuso de poder de policiais que se escondiam por trás da farda da polícia para praticar crimes contra moradores de bairros pobres.

Sua luta escolheu o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-RJ), o qual a elegeu vereadora em 2016 com a quinta maior votação, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, presidiu e íntegra a Comissão de Proteção à Mulher, que reuniu fortes provas que comprovava os abusos, crimes e excessos do exército na IFRJ.

Seu trabalho também consistiu na coleta de dados sobre violência contra a mulher, debate pelo direito de decidir pelo seu próprio corpo que envolvia a questão do aborto quando exigido por lei e pelo aumento da participação das mulheres na política. Em pouco mais de um ano, ele elaborou e assinou 16 projetos de lei, dois dos quais foram aprovados: a regulamentação dos serviços de motocicleta e a criação da Casa de Parto, política pública destinada ao atendimento de partos normais.

Quatro anos do assassinato de Marielle e mandante ainda é desconhecido
Marielle Franco a assessora parlamentar que se tornou uma das vereadoras mais votadas do RJ sempre foi da luta em favor da melhoria de vida das minorias

 

Como assessora parlamentar de Marcelo Freixo, esteve integrando a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) ela prestou assistência jurídica e psicológica a várias famílias vítimas de homicídio policial. Um dos casos que ajudou a resolver foi o assassinato de um policial por um colega de farda.

“Seria tolice dizer que não defendi a polícia”, disse o ex-comandante da Polícia Militar do RJ, Íbis Pereira, que falava com Marielle sobre o crime e policiais mortos.

Relembre o caso

A vereadora Marielle Franco sofreu um atentado quando se deslocava de carro após um evento. As investigações da polícia detalhou a ação dos bandidos que emparelharam seu carro com o da vereadora e atiraram. Ela foi atingida com quatro tiros um no pescoço e três na cabeça e Anderson foi atingido no peito e morreram na hora, uma terceira pessoa no veículo, assessora de Marielle foi atingida por estilhaços e não se feriu.

O assassinato provocou reações não só no Brasil, mas em todo o mundo que pergunta até hoje,

“Quem mandou Matar Marielle!!!”

Os assassinos

O policial militar demorou a apresentar algum resultado e surgiu o nome do policial aposentado, Ronnie Lessa de 48 anos e do também ex-policial militar, Ecio Vieira de Queiroz de 46 anos, ambos foram apontados como os autores do assassinato. A delegacia de homicídios da Polícia Civil do RJ, deixam a entender que algum muito poderoso é o mandante do crime, em fevereiro ambos os assassinos relataram durante entrevista a um jornal de grande circulação nacional, que estão abandonados por quem deveriam os proteger e que avaliam mudar seu depoimento.

Até hoje o nome do mandante do crime não foi revelado pela dupla.

Fake News

Desde o barbaro assassinato da vereadora Marielle, várias fakes news (mentiras) sobre ela foram espalhadas nas redes sociais, sites e blogs que segundo o STF é uma rede criminosa que vem sendo financiada com dinheiro público.

Todas as Fakenews contra Marielle foram desmentidas por diversas vezes. No mesmo dia da sua morte em 2018, foi afirmado que ela era financiada pelo Comando Vermelho (CV) e que teria sido casada com o traficante Marcinho VP.

Aproximação da Família Bolsonaro com os assassinos

Durante toda a polêmica da morte de Marielle a família Bolsonaro se irritava com as investigações que citou os assassinos como amigos pessoais do presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos seus filhos, inclusive com direito a homenagem na ALERJ via gabinete do então deputado estadual, Flávio Bolsonaro que hoje é senador da república.

Quatro anos do assassinato de Marielle e mandante ainda é desconhecido
Bolsonaro caçou seus aliados Wilson Witzelpor e Sérgio Moro por investigar o caso Marielle

 

O mais intrigante foi o caso envolvendo o porteiro do condomínio que morava Jair Bolsonaro que segundo o seu depoimento dizia que "Seu Jair" autorizou a entrada de teria autorizado a entrada de Élcio de Queiroz, um dos assassinos de Marielle. O porteiro mudou seu depoimento e sumiu do condomínio.

As investigações geraram inclusive o rompimento com o hoje ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que cobrou e autorizou intensificar as investigações para descobrir o nome do mandante. Além de Witzel, o ex-juiz e na época ministro da justiça, Sérgio Moro, também se tornou desafeto por autorizar a investigação do caso na polícia federal que arrodeava a família Bolsonaro.

Na conhecida e absurda reunião ministerial de 2020, Bolsonaro fez com que Moro pedisse sua saída do ministério e acusou o presidente de fazer intervenção na Polícia Federal parea atender suas vontades pessoais, o caso está sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF).

"A questão estratégica, que não estamos tendo. E me desculpe, o serviço de informações nosso, todos, é uma ... são uma vergonha, uma vergonha! Que eu não sou informado! E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma ... urna extrapolação da minha parte. É uma verdade", disse Bolsonaro.

 


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