O jornalismo assistencialista é uma prática recorrente no Brasil, em que programas de televisão expõem as misérias humanas e pedem doações para supostamente ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. No entanto, essa prática está sendo cada vez mais questionada por ser sensacionalista e não seguir os princípios éticos do jornalismo. Recentemente, um escândalo de fraude em doações veio à tona na Record TV Itapoan, de Salvador, que investiga um repórter e um editor-chefe do Programa Balanço Geral por desviar doações para suas contas pessoais.
Como acontecia a fraude na afiliada da Record
Os envolvidos da Record usavam uma chave Pix falsa da emissora que aparecia na TV durante as reportagens, as doações chegavam nesse Pix e eram encaminhados para contas particulares, a policia Civil da Bahia abriu uma investigação para investigar o roubo de doações financeiras que pode chegar a mais de 800 mil reais.
O Balanço Geral da Record é um programa de grande audiência na Bahia, que apresenta reportagens sensacionalistas sobre crimes, operações policiais em comunidades, e histórias de pessoas em situação de vulnerabilidade. O programa é apresentado pelo histriônico José Eduardo, conhecido como Bocão, que utiliza a empatia do telespectador para fisgar a audiência.
Após a descoberta da fraude nas doações na afiliada da Record, o editor-chefe do programa foi demitido e o repórter envolvido ainda não teve seu destino definido, porque ele está de ferias viajando fora do Brasil. Bocão tentou salvar o modelo de negócio do programa com um editorial em que afirmou que nada irá impedi-los de chegar ao povo carente, mas que a justiça será feita, seja dos homens ou divina.
O problema do jornalismo assistencialista como o da Record é que ele precisa do engajamento do público para sobreviver, mas não segue os princípios éticos do jornalismo, como a busca pela verdade, a responsabilidade social, o respeito à dignidade humana e o interesse público. Além disso, muitas vezes utiliza-se de uma fala religiosa para se conectar com a audiência e pedir doações, o que pode prejudicar a imagem da emissora e do templo religioso.
Para combater o jornalismo assistencialista, é preciso que a mídia siga os princípios éticos do jornalismo, busque sempre a verdade e se preocupe com a responsabilidade social e o interesse público. Além disso, é preciso que os órgãos reguladores da mídia fiscalizem as práticas dos programas de televisão e punam aqueles que não seguem as normas éticas da profissão.
Outra forma de combater o jornalismo assistencialista como o da afiliada da Record é incentivar o jornalismo investigativo e o jornalismo de soluções, que buscam trazer à tona histórias relevantes e contribuem para a solução de problemas sociais. O jornalismo investigativo tem como objetivo investigar fatos que são de interesse público e que muitas vezes são ignorados pela grande mídia. Já o jornalismo de soluções busca dar destaque a histórias positivas e que contribuem para a melhoria da sociedade, como projetos sociais, iniciativas de empreendedorismo, entre outros.
Além disso, é importante que a população se conscientize da importância do jornalismo ético e crítico, e que não se deixe levar por programas sensacionalistas que apenas buscam audiência. É preciso que os telespectadores exijam um jornalismo de qualidade e que sejam críticos em relação ao conteúdo que consomem.