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Um turista paulistano foi preso em Porto Seguro-BA por racismo. Ele chamou um homem de “macaco”, agrediu um deficiente e resistiu a prisão. A polícia foi apaludida por clientes do restaurante após homem ser algemado e levado embora do local.

O acusado dos crimes foi um homem de 50 anos e não teve seu nome revelado, mas ele foi preso por acusações de racismo em um restaurante no bairro de Arraial da Ajuda em Porto Seguro, no sul da Bahia, na noite de quinta-feira, 03/03.

O turista chamava uma pessoa negra e deficiente de “macaco” na frente de todos sem nenhum tipo de pudor.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento da prisão. Nas imagens, muitos podem ser vistos acusando o turista de racismo durante a abordagem da polícia militar, enquanto os clientes do restaurante gritavam coisas como “racista”, “saia da nossa terra” e “bolsominion safado”.

A certa altura do ocorrido um policial impôs um estrangulamento no turista para imobilizá-lo e o algemou, em meio a aplausos e gritos de “respeito!” dos presentes. Na delegacia o turista negou todas as acusações.

Assista

Os crimes registrados foram injúria racial (racismo) e desacato

O caso de racismo aconteceu em um anexo do restaurante Varanda Mucugê. Ao ser abordado pela polícia, apesar da resistência, o turista foi levado à delegacia de Porto Seguro e registrado no local por injúria racial e desacato. Na sequencia foi libertado sob o pagamento de fiança no valor de 5 mil reais.

Segundo a polícia civil, durante o registro da ocorrencia ele continuava “insultando a polícia militar” que foi adicionado aos altos.

Em nota postada nas redes sociais, o restaurante Varanda Mucugê informou que “não teve nada a ver com o ocorrido” e negou “qualquer forma de preconceito e discriminação”.

Confira

No último sábado, 25 de julho, foi celebrado o Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha. A presidenta Dilma Rousseff transformou a data em marco oficial nacional, em 2014. A origem, no entanto, é anterior e homenageia líder quilombola Tereza de Benguela. Conheça a história da data.

As mulheres negras correspondem a 27% da população brasileira, em um cenário que mais da metade dos brasileiros são negros e negras: 54%. Essa maioria quantitativa, no entanto, está excluída da maior parte do acesso a direitos civis e sociais, sem acesso a políticas públicas essenciais e, portanto, é a que mais sofre com a pobreza: entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras.

O racismo estrutural da sociedade brasileira que empurra a população negra para uma situação de vulnerabilidade e, mais ainda, as mulheres negras não é novidade. Trata-se de um processo histórico que vem sendo combatido com muita luta e resistência ao longo dos séculos, não só no Brasil, mas principalmente na América Latina e Caribe - antigas colônias que recebiam escravizados da África e tiveram um impacto profundo na formação cultural e racial dos países.

Dentre os diversos marcos da luta das mulheres negras, está a origem do Dia da Mulher Negra, LatinoAmericana e Caribenha, atualmente oficializado no dia 25 de julho.

Origem

No início dos anos 90, diversos grupos de mulheres criaram uma rede internacional para discutir o combate ao machismo e racismo. Em 1992, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas e dataram o dia 31 de julho como marco oficial das lutas, que vem sendo pautado desde aquela época.

Apesar dos movimentos sociais e da luta permanentes das mulheres negras para pautar o marco de resistência na sociedade, a data não tinha institucionalidade, ou seja, não fazia parte do calendário oficial do governo brasileiro. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff institucionalizou esse marco estratégico do movimento de mulheres negras, oficializando o dia 25 de julho, data que homenageia também Tereza de Benguela, líder quilombola brasileira.

Tereza de Benguela

Nasceu no século 18 e viveu no atual de estado de Mato Grosso, próximo a Cuiabá. Foi esposa de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho. Com a morte do esposo, ela se tornou a rainha do quilombo. Sob sua liderança, os negros e indígenas que viviam no local conseguiram resistir por mais de vinte anos, até meados de 1770, quando foi morta por uma emboscada.

Gênero e raça

A importância de uma data específica para o Dia das Mulheres Negras, diferente do Dia Internacional da Mulher, se dá por conta das diversas especificidades e transversalidades das condições das mulheres negras.

Dentre elas, por exemplo, está  a subrepresentatividade feminina que tem uma característica perversa quando se trata do recorte de gênero e raça. Em 2016, apenas 0,5% dos eleitos para prefeituras e câmaras de todo país eram mulheres negras - sendo que elas correspondem a 27% da população brasileira.

As mulheres negras sofrem mais violência obstétrica, abuso sexual e homicídio - de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, enquanto o índice de violência contra mulheres brancas recuou.

Além disso, as negras continuam compondo a base da desigualdade de renda, em 2018 elas recebiam em média menos da metade do salário de homens brancos (44,4%) que ocupam o topo da pirâmide salarial no Brasil. Em comparação com as mulheres brancas, a diferença salarial é de 70%.

Conteúdo da Agência Todas

 

O site Brasil de Fato reuniu em um especial ao dia 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, textos e vídeos produzidos em todo o país que reforçam a necessidade do enfrentamento ao racismo.

A decência do Brasil por Igualdade de direitos, reparação histórica e fim do genocídio, nunca foi tão necessária, na história recente desse país que sofre a desgovernabilidade do governo de extrema direita, que tem como base armas, Deus e Família, com o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no centro adestrando irracionais para forçar o retrocesso popular e evitar o fortalecimento das bandeiras de luta coletivas do povo para o povo, se utilizando de muito discurso racista, xenofobia, perseguição ai trabalhador, separatismo dos estados, dentre outros.

O especial CONSCIÊNCIA NEGRA EM TEMPOS DE BOLSONARO: CULTURA, ANCESTRALIDADE E RESISTÊNCIA, resume como tem sido difícil, mas esperançosa, a busca por oportunidades em um país que tem pessoas que veneram a divisão de classe baseadas pela cor, se não for no perfil do privilegiado.

Sabemos que o mesmo ódio, ou maior, que trouxe os navios negreiros e a escravidão estão vivos no Brasil em pleno seculo XXI.

Veja a entrevista com a filósofa estadunidense, Angela Davis, “em uma sociedade racista, não basta não ser racista: é preciso ser antirracista”.

 

 

Leia aqui mais do especial produzido pelo Brasil de Fato